16 de out. de 2011

Acredite! Você ainda se assusta com o filme O Exorcista

          Um filme de terror, seja ele qual for, tem como objetivo básico assustar o espectador. Pronto. Eis uma premissa incontestável  para não dizer óbvia. Acontece que são poucos os filmes do gênero que realmente assustam, que criam em nós aquela sensação genuina do medo. Muitos, infelizmente, descambam para a carnificina simples e pura, caindo num tremendo mau gosto e na falta de imaginação.
          É por isso que durante esses anos de cinéfila incondicional sempre defendi a tese de que um dos  únicos filmes capazes de esfriar a espinha é um clássico dos anos 70 - O Exorcista. Conheci e conheço marmanjos que compartilham a mesma tese.
           Não são os efeitos especiais que fizeram do filme um sucesso de bilheteria e público quase instantâneo. Para falar a verdade, essas técnicas são quase inexistentes. São quase rudimentares. Basta dizer que até uma carteira de couro legítimo foi usada para criar  um som, um ruído, compatível com a cena.


Não, não é TPM! É o capeta mesmo!

            O que impressiona até hoje, em plena era da computação gráfica e da violência gratuita, é a atmosfera de mistério e de impotência que o filme gera no espectador. Mistério por que se assisti ao filme sem sequer presumir o que nos aguarda mais adiante. O mau não avisa que vai aparecer por que, na verdade, sempre esteve ali à espreita. Impotência por que a  Força que a todos domina e subjulga é avassaladora. E trabalha muito à vontade no corpo e na alma de uma menina indefesa. O diretor William Friedkin nem explora muito o poder da sugestão, truque utilizado pelo mestre Steven  Spielberg em O Tubarão.
           O rostinho da atriz Linda Blair se transforma numa máscara horrenda, conseguindo imortalizar a face demoníaca, pois não há quem não pense nesse rosto quando alguém se refere à figura do Demônio. O diretor sempre levava um padre para abençoar o set de filmagem. Talvez já soubesse de antemão a natureza carregada e sombria da história.
         Lançado em 26 de dezembro de 1973 nos Estados Unidos, O Exorcista ainda provoca arrepios. Parentes próximos me contaram que chagaram a dormir com frasco de água benta debaixo do travesseiro. Trinta e oito anos depois, esses mesmos parentes afirmam que usariam o mesmo recurso, caso voltassem a assisti-lo.  
          Não há susto maior em lidar com algo zilhões de vezes mais poderoso e ardiloso. O Mau, como se sabe, chega na surdina. E até onde eu sei não mudou de estratégia.

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